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|dissolução= 2 de dezembro de 1937 | |dissolução= 2 de dezembro de 1937 | ||
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}}O '''Partido Republicano Liberal do {{i|Rio Grande do Sul}} Rio Grande do Sulball''' foi um partido político {{i|Brazil}} brasileiro fundado em 1932, por Osvaldo Aranha e pelo general Flores da Cunha, de apoio ao governo da {{I|United States of | }}O '''Partido Republicano Liberal do {{i|Rio Grande do Sul}} Rio Grande do Sulball''' foi um partido político {{i|Brazil}} brasileiro fundado em 1932, por Osvaldo Aranha e pelo general Flores da Cunha, de apoio ao governo da {{I|United States of Brazil}} República Velha. De fato, o partido atuou como porta-voz da oligarquia {{i|Rio Grande do Sul}} gaúcha que apoiava {{i|Getúlio Vargas}} Getúlio Vargas. | ||
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Pouco depois, no mês de fevereiro, o empastelamento do jornal [[Diário Cariocaball]] pelos “tenentes”, no {{i|Rio de Janeiro}} Rio de Janeiro, provocou o imediato pedido de demissão dos representantes do {{i|Rio Grande do Sul}} [[Partido Republicano Rio-Grandenseball]] e do {{i|Anti-Monarchy}} [[Partido Libertadorball]] dos cargos que ocupavam na administração central. Esse episódio foi apenas o detonador do rompimento da FUG com {{i|Getúlio Vargas}} [[PTBball|Vargas]], na verdade centrado no problema da reconstitucionalização. | Pouco depois, no mês de fevereiro, o empastelamento do jornal [[Diário Cariocaball]] pelos “tenentes”, no {{i|Rio de Janeiro}} Rio de Janeiro, provocou o imediato pedido de demissão dos representantes do {{i|Rio Grande do Sul}} [[Partido Republicano Rio-Grandenseball]] e do {{i|Anti-Monarchy}} [[Partido Libertadorball]] dos cargos que ocupavam na administração central. Esse episódio foi apenas o detonador do rompimento da FUG com {{i|Getúlio Vargas}} [[PTBball|Vargas]], na verdade centrado no problema da reconstitucionalização. | ||
Embora contrários à atitude conciliatória assumida por Flores da Cunha (do {{i|Rio Grande do Sul}} [[Partido Republicano Rio-Grandenseball]]) com relação ao governo central, os políticos da FUG lançaram um manifesto reafirmando sua solidariedade ao interventor e declarando que, caso o Governo Provisório não atendesse às suas reivindicações relativas à constitucionalização, passariam a tomar decisões independentes. {{i|Getúlio Vargas}} [[PTBball|Vargas]] e parte dos “tenentes” achavam contudo que ainda era cedo para iniciar o processo. | Embora contrários à atitude conciliatória assumida por Flores da Cunha (do {{i|Rio Grande do Sul}} [[Partido Republicano Rio-Grandenseball]]) com relação ao governo central, os políticos da FUG lançaram um manifesto reafirmando sua solidariedade ao interventor e declarando que, caso o Governo Provisório não atendesse às suas reivindicações relativas à constitucionalização, passariam a tomar decisões independentes. {{i|Getúlio Vargas}} [[PTBball|Vargas]] e parte dos {{i|Military}} “tenentes” achavam contudo que ainda era cedo para iniciar o processo. | ||
Quando o {{i|São Paulo}} [[Partido Constitucionalistaball]] começou a articular a Revolução Constitucionalista, a atitude do {{i|Rio Grande do Sul}} [[Partido Republicano Rio-Grandenseball]] foi ambígua. De um lado, procurou articular um acordo com a Frente Única Paulista para liderar a revolução no {{i|Rio Grande do Sul}} Rio Grande do Sul, planejando uma estratégia militar rio-grandense, prevendo a distribuição de armas a corpos provisórios e construindo estradas de ferro em pontos cruciais. De outro lado, porém, começou a impor condições difíceis de serem atendidas, como a de que o secretariado paulista sofresse modificações e de que São Paulo lhe desse poderes suficientes para renunciar à interventoria e comandar as forças revolucionárias. | Quando o {{i|São Paulo}} [[Partido Constitucionalistaball]] começou a articular a Revolução Constitucionalista, a atitude do {{i|Rio Grande do Sul}} [[Partido Republicano Rio-Grandenseball]] foi ambígua. De um lado, procurou articular um acordo com a Frente Única Paulista para liderar a revolução no {{i|Rio Grande do Sul}} Rio Grande do Sul, planejando uma estratégia militar {{i|Rio Grande do Sul}} rio-grandense, prevendo a distribuição de armas a corpos provisórios e construindo estradas de ferro em pontos cruciais. De outro lado, porém, começou a impor condições difíceis de serem atendidas, como a de que o secretariado {{i|São Paulo}} paulista sofresse modificações e de que o {{i|São Paulo}} [[Partido Constitucionalistaball]] lhe desse poderes suficientes para renunciar à interventoria e comandar as forças revolucionárias. | ||
Não aceitando essa indefinição do interventor, Raul Pilla, Batista Luzardo (ambos do PL) e Lindolfo Collor (do {{i|Rio Grande do Sul}} [[Partido Republicano Rio-Grandenseball]]) pediram a Borges de Medeiros, antigo líder republicano, que interferisse junto a Flores para que este assumisse o comando da revolução constitucionalista no Rio Grande do Sul. Como não desejasse se comprometer nem com Borges nem com {{i|Getúlio Vargas}} [[PTBball|Vargas]], Flores apresentou um pedido de renúncia ao governo {{i|Rio Grande do Sul}} gaúcho. Entretanto, temendo que a demissão de Flores fortalecesse a FUG, {{i|Getúlio Vargas}} [[PTBball|Vargas]] lhe fez um apelo para que permanecesse no posto, defendendo os ideais da Revolução de 1930. | Não aceitando essa indefinição do interventor, Raul Pilla, Batista Luzardo (ambos do PL) e Lindolfo Collor (do {{i|Rio Grande do Sul}} [[Partido Republicano Rio-Grandenseball]]) pediram a Borges de Medeiros, antigo líder republicano, que interferisse junto a Flores para que este assumisse o comando da revolução constitucionalista no {{i|Rio Grande do Sul}} Rio Grande do Sul. Como não desejasse se comprometer nem com Borges nem com {{i|Getúlio Vargas}} [[PTBball|Vargas]], Flores apresentou um pedido de renúncia ao governo {{i|Rio Grande do Sul}} gaúcho. Entretanto, temendo que a demissão de Flores fortalecesse a FUG, {{i|Getúlio Vargas}} [[PTBball|Vargas]] lhe fez um apelo para que permanecesse no posto, defendendo os ideais da Revolução de 1930. | ||
Ao irromper a revolução em São Paulo, Flores da Cunha decidiu-se pela solidariedade ao governo central, enviando contra os revoltosos tropas do Exército e efetivos da Brigada Militar, além de corpos provisórios. | Ao irromper a revolução em {{i|São Paulo}} São Paulo, Flores da Cunha decidiu-se pela solidariedade ao governo central, enviando contra os revoltosos tropas do Exército e efetivos da Brigada Militar, além de corpos provisórios. | ||
Com o objetivo de criar um foco revolucionário interno para desviar a grande pressão que as tropas {{i|Rio Grande do Sul}} gaúchas faziam sobre São Paulo, Borges de Medeiros, ao lado de Luzardo, Collor, Pilla, do major Martim Cavalcanti e de outros integrantes da FUG, organizou um levante no Rio Grande do Sul. Em 20 de setembro de 1932, esse movimento foi esmagado. | Com o objetivo de criar um foco revolucionário interno para desviar a grande pressão que as tropas {{i|Rio Grande do Sul}} gaúchas faziam sobre {{i|São Paulo}} São Paulo, Borges de Medeiros, ao lado de Luzardo, Collor, Pilla, do major Martim Cavalcanti e de outros integrantes da FUG, organizou um levante no {{i|Rio Grande do Sul}} Rio Grande do Sul. Em 20 de setembro de 1932, esse movimento foi esmagado. | ||
Após a derrota da revolução paulista, ocorreu um sério dissídio na política rio-grandense. De um lado colocavam-se os que haviam apoiado Flores da Cunha na luta contra os constitucionalistas, e, de outro, os que haviam apoiado a FUG. Pretendendo reconstruir politicamente o estado, Flores da Cunha fundou então um novo partido, que congregaria seus adeptos. Da união de prefeitos municipais, comandantes de corpos provisórios e políticos procedentes da FUG resultou o Partido Republicano Liberal Rio-Grandense, cuja presidência foi entregue ao interventor. Defendendo uma plataforma que abordava os problemas econômicos mais palpitantes da época, o PRL atraiu também muitos jovens que não se identificavam com o programa socioeconômico da FUG. | Após a derrota da revolução {{i|São Paulo}} paulista, ocorreu um sério dissídio na política {{i|Rio Grande do Sul}} rio-grandense. De um lado colocavam-se os que haviam apoiado Flores da Cunha na luta contra os {{i|São Paulo}} [[Partido Constitucionalistaball|constitucionalistas]], e, de outro, os que haviam apoiado a FUG. Pretendendo reconstruir politicamente o estado, Flores da Cunha fundou então um novo partido, que congregaria seus adeptos. Da união de prefeitos municipais, comandantes de corpos provisórios e políticos procedentes da FUG resultou o Partido Republicano Liberal Rio-Grandense, cuja presidência foi entregue ao interventor. Defendendo uma plataforma que abordava os problemas econômicos mais palpitantes da época, o PRL atraiu também muitos jovens que não se identificavam com o programa socioeconômico da FUG. | ||
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Em linhas gerais, o programa do PRL defendia a forma de governo {{i|President}} republicana federativa; a divisão, a harmonia e a interdependência dos poderes; o sistema representativo, com a representação proporcional ao eleitorado de cada estado na Câmara dos Deputados; o sufrágio universal secreto para ambos os sexos; a autonomia dos estados e dos municípios, que deveriam ser regidos por constituições e leis orgânicas próprias, observando porém os princípios constitucionais da União; a temporariedade dos mandatos eletivos; a organização da justiça estadual com base nos princípios de gratuidade, vitaliciedade e inamovibilidade, sendo o Tribunal do Júri substituído por tribunais de consciência, de caráter técnico-judiciário; a organização de uma justiça eleitoral que assegurasse o perfeito funcionamento do regime representativo; a uniformidade dos princípios básicos do direito processual, e a adoção do plebiscito nas questões de grande importância social e política. O partido se propunha também a lutar por medidas que assegurassem a defesa e a integridade nacionais, como o alheamento das classes armadas da política partidária e o aparelhamento do Exército e da Marinha para o cumprimento de sua alta finalidade. | Em linhas gerais, o programa do PRL defendia a forma de governo {{i|President}} republicana federativa; a divisão, a harmonia e a interdependência dos poderes; o sistema representativo, com a representação proporcional ao eleitorado de cada estado na Câmara dos Deputados; o {{i|Feminism}} sufrágio universal secreto para ambos os sexos; a autonomia dos estados e dos municípios, que deveriam ser regidos por constituições e leis orgânicas próprias, observando porém os princípios constitucionais da União; a temporariedade dos mandatos eletivos; a organização da justiça estadual com base nos princípios de gratuidade, vitaliciedade e inamovibilidade, sendo o Tribunal do Júri substituído por tribunais de consciência, de caráter técnico-judiciário; a organização de uma justiça eleitoral que assegurasse o perfeito funcionamento do regime representativo; a uniformidade dos princípios básicos do direito processual, e a adoção do plebiscito nas questões de grande importância social e política. O partido se propunha também a lutar por medidas que assegurassem a defesa e a integridade nacionais, como o alheamento das classes armadas da política partidária e o aparelhamento do Exército e da Marinha para o cumprimento de sua alta finalidade. | ||
Em relação à política econômica e financeira, o PRL defendia o controle das dívidas da União, dos estados e dos municípios; a abolição dos impostos de importação e a redução gradativa do imposto de transmissão de propriedades inter vivos; a proteção às indústrias que encontrassem no país condições de viabilidade e de sobrevivência econômica, e a criação do crédito público, hipotecário, agrícola, pecuário, móvel e industrial. Defendia também a formação de conselhos técnicos e consultivos. | Em relação à política econômica e financeira, o PRL defendia o controle das dívidas da União, dos estados e dos municípios; a abolição dos impostos de importação e a redução gradativa do imposto de transmissão de propriedades inter vivos; a proteção às indústrias que encontrassem no país condições de viabilidade e de sobrevivência econômica, e a criação do crédito público, hipotecário, agrícola, pecuário, móvel e industrial. Defendia também a formação de conselhos técnicos e consultivos. | ||
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Com a divulgação do Plano Cohen, a Câmara Federal recebeu novo pedido de prorrogação do estado de guerra. Os representantes do PRL Raul Bittencourt e Thompson Flores protestaram contra a medida, que foi aprovada por 138 votos contra 52. A execução do estado de guerra no {{i|Rio Grande do Sul}} Rio Grande do Sul e em São Paulo não ficou a cargo de seus governadores, mas sim dos comandantes de suas respectivas regiões militares. | Com a divulgação do Plano Cohen, a Câmara Federal recebeu novo pedido de prorrogação do estado de guerra. Os representantes do PRL Raul Bittencourt e Thompson Flores protestaram contra a medida, que foi aprovada por 138 votos contra 52. A execução do estado de guerra no {{i|Rio Grande do Sul}} Rio Grande do Sul e em São Paulo não ficou a cargo de seus governadores, mas sim dos comandantes de suas respectivas regiões militares. | ||
Pouco depois, o general Daltro Filho transmitiu a Flores o decreto do governo central que federalizava a Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Flores acatou a decisão, mas renunciou ao cargo de governador. | Pouco depois, o general Daltro Filho transmitiu a Flores o decreto do governo central que federalizava a Brigada Militar do {{i|Rio Grande do Sul}} Rio Grande do Sul. Flores acatou a decisão, mas renunciou ao cargo de governador. | ||
{{i|Getúlio Vargas}} Vargas decretou então a intervenção no estado, alegando a existência de núcleos comunistas orientados por elementos estrangeiros. O general Daltro Filho foi nomeado interventor. A Dissidência Liberal aceitou fazer parte do novo governo, desde que o PRL dele não participasse. A comissão diretora central da Dissidência Liberal decidiu considerar como seu presidente efetivo o senador Augusto Simões Lopes. | {{i|Getúlio Vargas}} Vargas decretou então a intervenção no estado, alegando a existência de núcleos {{i|Communism}} comunistas orientados por elementos estrangeiros. O general Daltro Filho foi nomeado interventor. A Dissidência Liberal aceitou fazer parte do novo governo, desde que o PRL dele não participasse. A comissão diretora central da Dissidência Liberal decidiu considerar como seu presidente efetivo o senador Augusto Simões Lopes. | ||
A 10 de novembro, quando foi instituído o Estado Novo, a Dissidência Liberal, através de Simões Lopes e Renato Barbosa, solidarizou-se com {{i|Getúlio Vargas}} Vargas e com a outorga da Constituição de 1937. | A 10 de novembro, quando foi instituído o Estado Novo, a Dissidência Liberal, através de Simões Lopes e Renato Barbosa, solidarizou-se com {{i|Getúlio Vargas}} Vargas e com a outorga da Constituição de 1937. |
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